Nessa semana ouvimos as notícias do baixo crescimento do PIB esperado para 2012. Pela pesquisa FOCUS (que representa a expectativa do mercado), essa estimativa está em crescimento de 2,05% e segundo o Banco Central, através do relatório de inflação, a previsão de crescimento do PIB deste ano é de 2,5%. Esse valor, além de baixo com relação aos anos anteriores (exceto o de 2009 por conta da crise de 2008) está abaixo também da expectativa de crescimento Mundial que segundo o FMI é de 3,5% pra 2012. Performance muito ruim para um país que é considerado foco de investimento.
O Governo vem tomando diversas ações através de redução de IPI para produtos da linha branca e automóveis, redução de IOF para empréstimo de pessoas físicas, aumento da liquidez do mercado ao reduzir o compulsório dos bancos, queda dos juros básicos da economia entre outros. Essas medidas levam o governo a acreditar que no 2º semestre teremos uma recuperação da economia.
Mas como podemos conectar essa notícia da performance da economia com o mercado de crédito? Vejamos a seguir.
Esse baixo crescimento econômico significa menos contratações e /ou demissões e daí pode trazer pressões no Emprego e na Renda. Hoje essa duas variáveis (emprego e renda) estão em patamares bons e com tendência positiva. O Valor da renda está em aproximadamente R$ 1.700. Valor 6% maior que o mesmo mês do ano anterior. No caso do desemprego, estamos no patamar de 5,8% em Maio de 2012, 10% abaixo do mesmo mês do ano anterior, sendo esse patamar praticamente considerado pelo emprego.
Caso o fraco desempenho da economia persista ou se agrave (vale dizer que as previsões de crescimento vem diminuindo nas últimas 8 pesquisas realizadas), será inevitável a reversão do cenário dessas variáveis de Renda e Emprego. Esse cenário se agravando, teremos consequências, entre outras indústrias, no mercado de crédito.
O que preocupa nesse possível cenário é que o mercado de crédito não está atravessando o seu melhor momento. Já relatamos nessa coluna questões como a alta da inadimplência (que no caso de pessoa física já registra quase 8%), o baixo crescimento (que saiu de patamar de 25% para 15%) e a pressão nos spreads (que apenas nos últimos dois meses registraram queda de 13%).
Dessa forma, a luz amarela que se acendeu no mercado de crédito ficaria vermelha com um possível agravamento do cenário macroeconômico.
Isso quer dizer que se medidas de readequação da concessão de crédito e cobrança já eram necessárias nesse momento torna-se ainda mais importante.
As empresas devem buscar compulsivamente a melhora dos seus modelos de risco, aprofundar seus sistemas de gestão e análise buscando oportunidades de adequação de políticas (adequação significa dar cada vez menos para os que não devem receber e também das condições cada vez melhores para os que assim merecem).
Não se pode deixar de fora a necessidade de adequação dos produtos e ofertas de cobrança no que tangem a prazos e descontos nas renegociações de dívida. Neste momento os clientes estão com Renda crescente e empregados, ou seja, tem o mínimo de condições para pagar. Caso o “vento a favor” mude o cenário que já é preocupante ficará grave e aí poderemos ter uma crise nesse setor, o que é ruim para as empresas, os consumidores e para o País.